|| VÂNIA SILVA - uma atleta impar... ||

 

"Despede-se a atleta que provou aos leirienses que os Jogos Olímpicos não eram só para os outros" afirma o "Notícias de Leiria" na sua edição de ontem.

O CluVe teve ocasião de homenagear Vânia Silva, no 7º Torneio Internacional de Atletismo Master "Cidade Coimbra/Santo António dos Olivais", realizado a 16 de Julho de 2019. No seu Boletim (nº 155) escrevia-se: " Foi com enorme honra que a Direção do CluVe teve resposta positiva no primeiro contato. Vânia torna-se, assim, na primeira madrinha do nosso torneio, por ser uma atleta de excelência e um ser extraordinário. Vânia Silva é um exemplo para todos!". Até breve, numa próxima competição.
Continua o "Notícias de Leiria": "Tem três Jogos Olímpicos no currículo, mais cinco Mundiais e três Europeus. Numa carreira de 28 anos, conquistou 21 títulos nacionais e bateu por 13 vezes o recorde de Portugal. Representou o País em 51 ocasiões. Este domingo, às 10:15 horas, Vânia Silva vai fazê-lo por mais uma única vez.
Será envergando as cores nacionais, na Taça da Europa de Lançamentos, que a atleta da Maceira se vai despedir do atletismo de alta competição. Ainda por cima, a prova realiza-se no Centro Nacional de Lançamentos, o local diário de treino ao longo de anos a fio.
Aos 42 anos, a lançadora de martelo do Sporting vai colocar um ponto final numa carreira absolutamente ímpar na região. O treinador de sempre, Paulo Reis, define o trajeto da atleta numa palavra só: “resiliência”. “Não sendo de um talento extraordinário, foi sempre empenhada, regrada e disciplinada. Só assim seria possível chegar onde chegou e ter a carreira que teve.”
Vânia Silva esteve presente em diversas competições internacionais.
Na verdade, Vânia Silva foi precursora em praticamente tudo e o principal legado que deixa à cidade foi precisamente “mostrar que alguém nascido, treinado e a representar um clube da terra conseguia chegar aos Jogos Olímpicos”.
Estreou-se em 2004, em Atenas, mas ainda competiu em Pequim’2008, sempre pela Juventude Vidigalense, e, já pelo Sporting, em Londres’2012, onde pela mão do mesmo treinador, uma segunda leiriense, Irina Rodrigues, nada e criada na cidade, se estreou no palco dos palcos.
E todo este caminho começou em condições “péssimas”, muito antes de o Centro Nacional de Lançamentos ser criado. Ainda assim, a atleta conseguiu evoluir de forma surpreendente.
A despedida de Vânia Silva será este domingo no Centro Nacional de Lançamentos. “Ninguém imagina o que era na parte final do século passado”, conta Paulo Reis. “Não havia gaiola e não havia ginásio, apenas uma arrecadação, que servia de balneário, onde tínhamos umas latas de tinta cheias de cimento que simulavam halteres. Treinávamos no pelado ou então no alcatrão, onde se realizava a feira. Chegámos a ter martelos pendurados nos cabos elétricos e outros foram parar ao rio…”
Também o treinador dava os primeiros passos, numa altura em que a informação não estava plasmada nas redes sociais. “Parece que passou um século, mas não. O início foi difícil, mas tantos desafios criaram uma cumplicidade grande. Muitos casamentos não aguentam tanto tempo".

(In facebook do CluVe) - CG - 10.03.2023